O Julgamento Antes do Advento

Texto principal:
"O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o Céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o Seu reino será reino eterno, e todos os domínios O servirão e Lhe obedecerão" (Dn 7:27).

Nota: Como o livro de Hebreus mostra claramente, depois de Sua morte e ressurreição, Jesus começou uma nova fase da Sua obra em nosso favor. Ele Se tornou nosso Sumo- Sacerdote no santuário celestial. As visões de Daniel 7 e 8 revelam que, em algum ponto da História, essa obra celestial de Cristo em nosso favor havia entrado em uma nova fase: o julgamento. Às vezes, isso é chamado de "Dia Escatológico da Expiação". Escatológico, porque se refere ao tempo do fim; Dia da Expiação, porque é prefigurado pelo ritual do Dia da Expiação no santuário terrestre.

Daniel 7, nosso foco nesta semana, contém uma sequência de reinos, simbolizados por quatro animais, que correspondem à sequência de Daniel 2: Babilônia, Média-Pérsia, Grécia e Roma.

Perceberemos que o julgamento é uma boa notícia, porque o Senhor atua por Seu povo. Ele julga em seu favor diante do Universo expectante e lhes concede entrada no reino eterno de Cristo, o clímax de todas as suas esperanças como seguidores do Senhor.

A visão e o juízo
"Um rio de fogo manava e saía de diante dEle; milhares de milhares O serviam, e miríades de miríades estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros" (Dn 7:10).


1. Leia Daniel 7:1-14. O que está acontecendo nessa passagem?
Depois que Daniel viu os quatro animais, ele observou outro chifre surgindo entre os chifres do quarto animal. Esse "chifre pequeno" se tornou o principal inimigo de Deus e Seus santos. Então, de repente a atenção de Daniel se voltou da Terra escura para uma resplandecente cena de julgamento na sala do trono celestial (Dn 7:9-14).

A cena do juízo é o ponto central de toda a visão e envolve duas figuras principais, o Ancião de Dias e o Filho do Homem. Anjos também estão ali, testemunhas do juízo. A cena se desdobra em três etapas: a primeira é a cena do tribunal (v. 9, 10); a segunda é o resultado do juízo sobre os violentos poderes da Terra (v. 11, 12); a terceira é a transferência do domínio e do reino para o Filho do Homem (v. 13, 14). Deus, o Pai, é retratado como o majestoso Ancião de Dias, o sábio, justo e incomparável Juiz. "O Filho do Homem" representa a humanidade, o próprio Jesus, na corte celestial. Jesus usou esse título muitas vezes para Se referir a Si mesmo e, pelo menos duas vezes, Ele evocou claramente as imagens de Daniel 7 (Mt 24:30; 26:64).

O Dia da Expiação funciona como o cenário tipológico mais natural para essa cena do templo celestial. Na descrição, parece que o Sumo Sacerdote celestial vem ao Ancião de Dias cercado por nuvens de incenso (Dn 7:13). Em Daniel 7:10, os livros foram abertos. Os livros têm um papel importante no julgamento celestial. Há vários livros de origem celestial conhecidos na Bíblia: o "livro da vida" (Sl 69:28; Fp 4:3; Ap 3:5; 13:8; 17:8), o livro memorial (Ml 3:16), os livros das obras (Ap 20:12) e o livro de Deus (Êx 32:32, 33; Sl 56:8).

Imagine Deus julgando sua vida e todos os seus atos. Se você tiver que confiar no que está escrito nos livros, nos seus atos e boas obras, terá alguma esperança? Qual, então, é sua única esperança no juízo?

Modelo de julgamento
2. Leia Génesis 3:8-20. O que Deus fez antes de pronunciar Seu julgamento?
O conceito de um juízo investigativo é bíblico. O processo judicial de Deus frequentemente inclui uma fase de investigação e inquérito. O primeiro exemplo é relatado em Génesis 3, onde Deus investigou antes de pronunciar o veredito (Gn 3:8-19). A forma pela qual Deus lidou com Caim (Gn 4), Babel (Gn 11) e Sodoma (Gn 18, 19) seguem um padrão semelhante. Vemos Deus realizando a mesma ação que Ele requeria dos juízes em Israel, ou seja, inquirir, investigar e perguntar com diligência (Dt 13:14; Dt 19:18).

A investigação implica em consideração e justiça. Muitas vezes ela é pública. Deus permite que outros vejam o que Ele está fazendo. Dessa forma, quando Ele anuncia o veredito, seja de salvação ou condenação, os espectadores estão certos de que a ação divina é a melhor. Essa é exatamente a razão pela qual o julgamento celestial em Daniel 7 envolve livros. Os livros não estão ali por causa de Deus, para ajudá-Lo a Se lembrar com mais facilidade, mas para o benefício dos seres celestiais que O circundam e que, ao contrário de Deus, não conhecem todas as coisas.

3. Qual será o resultado do julgamento para os santos? Dn 7:22
Ao falar sobre o juízo, Ellen G. White escreveu: "O fato de que os reconhecidos filhos de Deus são representados como estando na presença do Senhor com vestes sujas, deve levar à humildade e profundo exame do coração, por parte de todos os que Lhe professam o nome. Os que estão, de fato, purificando o caráter mediante a obediência à verdade, terão de si mesmos uma opinião muito humilde. [...] Mas, conquanto devamos reconhecer nosso estado pecaminoso, temos de confiar em Cristo como nossa justiça, nossa santificação e redenção. Não podemos contestar as acusações de Satanás contra nós. Somente Cristo pode pleitear eficazmente em nosso favor. Ele é capaz de silenciar o acusador com argumentos fundamentados não em nossos méritos, mas nos dEle" (Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 471, 472).
Como essas palavras nos ajudam a entender por que o julgamento é uma notícia muito boa?

Hora do juízo

4. Leia Daniel 7:7-10, 21, 22, 25, 26. Quando acontece o julgamento de Daniel 7?
Tanto na visão quanto na interpretação do anjo, o julgamento segue como resposta de Deus à presunção do chifre pequeno e culmina com a transferência do reino para os santos de Deus. A Bíblia descreve o julgamento como ocorrendo no tempo em que o poder do chifre ainda existe (Dn 7:8, 9). O domínio do chifre é retirado somente depois que o tribunal julga. Quando o processo judicial termina, todos os reinos da Terra são destruídos (v. 26).

Evidentemente, isso significa que o juízo deve ocorrer antes da segunda vinda de Jesus. É um juízo pré-advento, que começa algum tempo depois do período de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (v. 25). Como poderia haver recompensa ou punição final se não houvesse julgamento prévio?

De fato, os santos serão recompensados no momento da vinda de Cristo, o que pressupõe que eles já terão sido julgados. Da mesma forma, os ímpios, incluindo os poderes demoníacos, serão julgados durante o milênio, antes da execução do juízo final (Ap 20).

5. Por que Deus precisa realizar um julgamento? O Senhor não "conhece os que Lhe pertencem"? 2Tm 2:19

É claro que o Deus onisciente está plenamente consciente de quem é o Seu povo. Ele não precisa de julgamento para decidir quem será salvo. O juízo pré-advento, em vez disso, mostra que o Juiz é justo na salvação do Seu povo. Os seres celestiais precisam ter certeza de que os santos são aptos para a salvação.
À medida que procuramos entender o significado do juízo, devemos nos lembrar do cenário do grande conflito, sugerido nesse texto, porque vemos as hostes angelicais testemunhando o julgamento. Outros seres têm interesse no resultado final do plano da salvação.

"O Senhor conhece os que Lhe pertencem." Como você pode ter certeza de ser um dos "que Lhe pertencem"? Qual é a única maneira de ter a certeza? (Rm 8:1).

No fim do julgamento

6. Quais serão os resultados do juízo pré-advento? Dn 7
Considere os resultados do juízo em diversas ações de longo alcance:
O Filho do Homem será coroado. Ele receberá "domínio, e glória, e o reino" (Dn 7:14).
Os santos receberão o reino para sempre. O julgamento é para benefício dos santos que receberão o reino de Deus (Dn 7:22). Inequivocamente, o Filho do Homem e os santos têm um relacionamento muito próximo. Quando o Filho do Homem receber Seu reino, convidará os santos para Se unirem a Ele. Seu reino é o reino deles (Dn 7:27). Esse julgamento levará a um tempo em que o Rei eterno estará reunido com Seu povo. Essa será a maior recompensa dos santos e de Cristo.

A rebelião será derrotada e destruída. Os inimigos do povo de Deus serão julgados. Depois de fazer "guerra contra os santos", o chifre pequeno será derrotado e destruído para sempre (Dn 7:25, 26).

A absoluta justiça de Deus será demonstrada. Uma vez que o julgamento nas cortes celestiais será público e os anjos participam das investigações sobre os assuntos humanos, todos podem ver por si mesmos que Deus é justo em Suas ações. Ele é capaz de manter tanto o amor quanto a justiça. Assim, no fim, o próprio Deus será vindicado, e todos reconhecerão que Ele é justo e amoroso. Todo o processo garantirá que o Universo será um lugar seguro para a eternidade (Sl 51:4; Rm 3:4).

O juízo pré-advento resultará na concretização da esperança de Deus e dos cristãos. O desejo de Deus é salvar Seu povo e erradicar o pecado, não deixando nenhuma dúvida sobre Seu amor e justiça. O anseio dos seres humanos é a salvação do pecado, da sua opressão em todas as formas e desfrutar vida eterna na presença dAquele que os ama. Assim, o julgamento será a garantia de um relacionamento eterno e confiante entre Deus e Sua criação.

"O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonia e júbilo vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor" (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 678).

Certeza responsável

7. Leia o Salmo 96:11-13. Qual é a razão para que toda a criação se alegre?
Por que alguém clamaria "Julga-me, Senhor" (Sl 7:8)? A razão é simples. Julgamento significa salvação: "Ó Deus, salva-me, pelo Teu nome, e faze-me justiça, pelo Teu poder" (Sl 54:1). O Salmo 26 é um apelo comovente por justiça e retidão. Davi expressou maravilhosamente a ideia de que Deus, o Juiz, está sempre ao lado de Seu povo fiel, e que Seu julgamento é mais do que desejável (Sl 26:1; 35:24; 43:1; 54:1). Julgamento implica vindicação.

O juízo pré-advento ameaça nossa certeza de salvação? Não, porque o resultado desse julgamento é certo. Ele favorece os santos (Dn 7:22). A obra de Deus no juízo reafirma nosso perdão e intensifica nossa certeza, tornando nossos pecados eternamente irrelevantes. O julgamento é, na verdade, outra manifestação da nossa salvação. O julgamento não é o tempo em que Deus decide nos aceitar ou nos rejeitar, mas, em vez disso, é o momento em que Ele define se O escolhemos verdadeiramente ou não, uma escolha revelada pelas nossas obras.

Para o cristão, o julgamento aumenta a certeza. Colocando de maneira mais radical, o julgamento está no centro da doutrina da segurança cristã.

8. Leia Romanos 14:10-12 e 2 Coríntios 5:10. Como a realidade do juízo deve impactar nossa maneira de viver?

O ensinamento bíblico não isenta o justo do julgamento. Embora os justos sejam defendidos no julgamento e seus pecados sejam apagados para sempre, a expectativa do julgamento os incentiva a ter uma vida de lealdade e responsabilidade. A certeza da salvação é, portanto, acompanhada pelo ímpeto motivacional para o comportamento correto. Visto que Deus fez tanto por nós, O amamos e procuramos expressar esse amor sendo fiéis em tudo o que Ele nos pede.

Um amigo expressa seu medo de Deus e, especialmente, do juízo. Como você pode ajudar essa pessoa a entender a boa notícia sobre o juízo e a desenvolver a certeza da salvação?

Estudo adicional

"Aquele que mora no santuário celestial, julga justamente. Ele tem mais prazer em Seus filhos que pelejam com as tentações [...] do que na multidão de anjos que Lhe circunda o trono" (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 176).

"Satanás tem [...] conhecimento dos pecados que tem levado o povo de Deus a cometer, e lança contra ele suas acusações, declarando que, por seus pecados, perdeu o direito à proteção divina e afirmando que tem o direito de destruí-­lo. [...]

"Mas conquanto os seguidores de Cristo tenham pecado, eles não se entregaram ao controle das forças satânicas. Arrependeram-se de seus pecados e procuraram o Senhor em humildade e contrição; e o Advogado divino pleiteia por eles. Aquele que tem sido insultado ao máximo pela ingratidão deles, Aquele que conhece seus pecados e também sua contrição, declara: "O Senhor te repreenda, ó Satanás. Eu dei a Minha vida por essas pessoas. Elas estão gravadas na palma das Minhas mãos. Elas podem ter imperfeições de caráter; podem ter falhado em seus esforços; mas se arrependeram, e Eu os perdoei e aceitei" (Ellen G. White,
Profetas e Reis, p. 588, 589).


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