O “Céu” na Terra

Verso Principal:
“Os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz Ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte” (Hb 8:5).

Embora o santuário celestial seja o original, no qual Deus está ministrando “por nós” (Hb 9:24), o Senhor revelou, na Terra, de diferentes formas, verdades sobre esse santuário.

Deus criou o Jardim do Éden como símbolo do santuário. O santuário celestial e sua função na salvação foram representados no tabernáculo terrestre e na estrutura maior dos templos israelitas.

Em Jesus, o templo foi manifestado em um ser humano. E, finalmente, o templo celestial descerá à Nova Terra.
Como veremos, Deus usou conceitos relacionados ao santuário celestial para revelar a verdade. Nesta semana, estudaremos alguns desses conceitos.

O primeiro “santuário” na Terra
Estudiosos da Bíblia têm observado que muitas características do Jardim do Éden correspondem aos santuários posteriores de Israel, indicando que o Éden foi o primeiro “templo” simbólico na Terra.

1. Estude os paralelos a seguir e faça uma tabela ou diagrama usando estas informações:

Alguns paralelos entre o Éden e o santuário incluem os seguintes:

1.1. No fim do relato da criação e da narrativa sobre a construção do tabernáculo no deserto, os mesmos três elementos – aprovação, conclusão e bênção – são expressos com as mesmas palavras-chave (compare as palavras “tudo/todo”, “terminar/concluir” e “abençoar”, em Gênesis 1:31–2:3 com essas mesmas palavras em Êxodo 39:32, 43; 40:33).

1.2. Assim como Deus “andava no jardim” (Gn 3:8), também estava no meio de Seu povo no santuário (2Sm 7:6, 7).

1.3. Adão devia “cultivar” e “guardar” o jardim (Gn 2:15). Em hebraico, os mesmos dois verbos são usados em relação ao serviço dos levitas no tabernáculo (Nm 3:7, 8).

1.4. Figuras relacionadas a um jardim aparecem por todo o santuário (Êx 25:31-36, 1Rs 6:18).

1.5. Querubins guardavam o jardim (Gn 3:24); dois querubins foram colocados no Lugar Santíssimo (Êx 25:18-22).

1.6. A criação durou seis dias, sendo cada dia introduzido pela expressão “Disse Deus” (ou “Disse também Deus”), e os seis dias foram sucedidos pelo sábado. Assim também existem seis seções introduzidas com as palavras “Disse o Senhor a Moisés” (“Disse mais o Senhor a Moisés”), relacionadas ao tabernáculo (Êx 25:1; 30:11, 17, 22, 34; 31:1), seguidas por uma sétima seção sobre o sábado (Êx 31:12-17).

1.7. O santuário foi levantado no primeiro dia do primeiro mês (Êx 40:17), o dia do Ano Novo hebraico, que recorda o fim da criação do mundo.

Génesis 2 não precisava ser explícito sobre esses paralelos, pois os antigos os entendiam. Por exemplo, um escrito judaico do segundo século a.C. afirma que “o Jardim do Éden era o Santo dos Santos e a habitação do Senhor”.

O Jardim do Éden é chamado de “jardim de Deus” (Is 51:3; Ez 28:13; 31:9). Era a morada de Deus na Terra, o lugar em que nossos primeiros pais deviam adorar e ter comunhão com Ele. Portanto, a maior perda na queda não foi a expulsão de Adão e Eva do jardim, mas a perda da possibilidade de estar na presença imediata de Deus.

Pense no conceito da palavra santuário. O que vem à sua mente? Que coisas formam um “santuário” para você agora? A compreensão dos santuários terrestres o ajuda a entender mais o que o santuário celestial oferece a você?

Cópia do modelo
2. Qual é a relação entre os santuários terrestre e celestial? Êx 25:9, 40; Hb 8:5; 9:23, 24

As Escrituras ensinam claramente que Moisés não inventou o tabernáculo, mas o construiu de acordo com a instrução divina que havia recebido no monte (Êx 26:30; 27:8; Nm 8:4). O santuário terrestre devia ser construído segundo o “modelo” (Êx 25:9, 40). A palavra hebraica para “modelo” (tabnit) expressa a ideia de modelo ou cópia. Assim, concluímos que Moisés viu um modelo em miniatura, que representava o santuário celestial, e que esse modelo serviu de padrão para o santuário terrestre.

Portanto, o templo celestial é o original, o modelo para os santuários israelitas. Também é óbvio que não se pode equiparar o santuário no Céu com o próprio Céu. O templo celestial está “no Céu” (Ap 11:19; 14:17; 15:5). Assim, o Céu o contém. Os dois não são sinónimos.

O livro de Hebreus explica em termos inequívocos que o santuário celestial é real. Ele é chamado de “verdadeiro tabernáculo” (Hb 8:2), bem como o “maior e mais perfeito tabernáculo” (Hb 9:11), enquanto o terrestre é uma “figura e sombra das coisas celestiais” (Hb 8:5). Como a sombra é sempre uma simples representação de algo real, e, por sinal, uma representação imperfeita e indefinida, o santuário terrestre é mera representação do celestial. Apesar de suas limitações, o santuário terrestre refletia a realidade do celestial em aspectos importantes.

A relação entre os dois é chamada tipologia, uma prefiguração profética divinamente concebida, que envolve duas realidades históricas correspondentes, chamadas de tipo (original) e antítipo (cópia). Uma vez que a correspondência vai do tipo (original) para o antítipo (cópia), podemos ver em Hebreus que o modelo celestial que Moisés tinha visto é mencionado como “tipo” ou “modelo” (Hb 8:5) e o santuário terrestre como “antítipo” ou “cópia” (Hb 9:24). Essa verdade apresenta mais evidências de que o santuário celestial existia antes do terrestre. Como adventistas do sétimo dia, estamos em sólido fundamento bíblico quando enfatizamos a realidade física do santuário celestial.

Por causa de nossa natureza pecaminosa, é fácil pensar que Deus está irado conosco. Como a revelação do amor de Deus, visto na vida e morte de Jesus, nos ajuda a entender que Deus nos ama, apesar das nossas falhas? De que maneira essa compreensão deve nos encorajar a vencer o próprio eu?

Nota do editor: ”A Epístola aos Hebreus refere-se  ao tabernáculo terrestre como  “antítipo” e ao modelo mostrado a Moisés no Monte Sinai como “tipo.” Portanto linguisticamente os termos estão corretamente definidos. No entanto, na tradição teológica, normalmente usa-se o termo “tipo” para as realidades terrenas e “antítipo” para as celestes. Isto pode ocasionar alguma confusão na cabeça de algumas pessoas que estão acostumadas com o uso tradicional destes termos. Rigorosamente falando, o termo tipo pode ser usado tanto para o original como para a cópia” (Pr. Elias Brasil, Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral).

Jesus como Santuário
3. Por que o corpo de Jesus é comparado ao templo? Jo 2:19-21; Jo 1:14

Um dos temas do evangelho de João é que, com Jesus, o melhor “templo” havia chegado. A imagem do tabernáculo já é usada em João 1:14. Jesus é o Verbo que “habitou” entre os homens, e eles viram a Sua glória. A palavra grega usada para “habitar” (skenoo) é a forma verbal do substantivo grego para “tabernáculo” (skene). Por isso, o verso 14 poderia ser traduzido como “o Verbo Se fez carne e ‘tabernaculou’ entre nós”. Nesse contexto, a palavra glória relembra a glória divina, que encheu tanto o tabernáculo no deserto (Êx 40:34, 35) quanto o templo de Salomão em sua inauguração (2Cr 7:1-3). Assim como Deus prometeu, quando Cristo veio à Terra como ser humano, cumpriu a divina promessa relacionada ao templo, de habitar entre Seu povo.

De acordo com os textos acima, Jesus declarou que Ele mesmo era o templo, indicando o fim do significado do templo terreno depois de Sua morte (Jo 2:19-21; Mt 27:51). Além disso, quando Jesus disse que Ele é o Pão da vida (Jo 6:35) e a Luz do mundo (Jo 8:12), Ele poderia estar apontando para além do maná sobre a mesa, para os pães da proposição e o candelabro, objetos do santuário terrestre. Uma referência exata para o santuário é a descrição de Jesus como “Cordeiro de Deus”, que leva sobre Si o pecado do mundo (Jo 1:29).

“Todos os que prestavam serviço em relação com o santuário eram constantemente educados acerca da intervenção de Cristo em favor da raça humana. Esse serviço destinava-se a criar em todo coração humano o amor à lei de Deus, que é a lei de Seu reino. O ato de oferecer sacrifícios devia ser uma lição objetiva do amor de Deus revelado em Cristo – a Vítima sofredora e agonizante, que tomou sobre Si o pecado do qual o homem era culpado – o Inocente que foi feito pecado por nós” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 233).

Uma eternidade em relacionamento íntimo com Deus? Por que é tão importante andar, agora, como Ellen G. White diz repetidas vezes, em “íntima comunhão com Deus”?

A igreja como santuário
Depois da ascensão de Cristo ao Céu e do início de Suas atividades como Sumo -Sacerdote no santuário celestial, o templo terrestre já não tinha propósito real no plano da salvação (Mt 27:50, 51). No entanto, Deus ainda procura habitar entre Seu povo na Terra, o que se tornou possível por intermédio do Espírito Santo. Os apóstolos usam imagens do templo para transmitir essa verdade.

4. Leia 1 Coríntios 3:16, 17; 6:19, 20; 2 Coríntios 6:16; Efésios 2:19-22. Observe o simbolismo do santuário nesses textos. Que verdade é neles ensinada?

Paulo falou em 1 Coríntios 3:16, 17 para a igreja como unidade corporativa, e apresentou dois temas relacionados ao templo: propriedade (1Co 3:16) e santidade (1Co 3:17). Em 1 Coríntios 6:19, 20, ele aplicou os mesmos princípios ao cristão individual. Como templo, o cristão é terra santa e, como tal, está sob divina obrigação de viver em santidade. Paulo usou o simbolismo do templo para enfatizar seu chamado a uma vida pura e santa que, nesse contexto, ele identificou como pureza sexual (1Co 6:15-18). A última referência de Paulo à igreja como divino santuário se encaixa nesse padrão. Não há harmonia entre cristãos e não crentes (2Co 6:14–7:1), pois a igreja está em um relacionamento de aliança com Deus e, portanto, é exclusivamente Sua (2Co 6:18).

Ao mesmo tempo, a igreja é não apenas o templo de Deus, mas também um sacerdócio santo (1Pe 2:5, 9). Sem dúvida, com um privilégio como esse, vêm importantes responsabilidades. É muito importante que entreguemos nossa vida em fé e obediência ao Senhor que nos deu tanto e que, em resposta, pede muito de nós.

Nova criação
5. Leia Apocalipse 7:15-17. Onde estão os redimidos, e como essa passagem os retrata?

Esses versos descrevem os redimidos como reis e sacerdotes que servem no palácio e templo de Deus (Ap 1:6; 5:10; 20:6). A promessa de que “Aquele que Se assenta no trono estenderá sobre eles o Seu tabernáculo” (Ap 7:15) refere-se à presença de Deus no santuário do deserto, onde Ele habitou como líder do antigo Israel. Na Nova Terra, o santuário mais uma vez se tornará o perfeito lugar de relacionamento onde Deus e os redimidos se encontram. Ele garante abrigo, proteção e vida na Sua presença e do Seu Cristo. Aquele que uma vez habitou entre os homens (Jo 1:14), então estende o tabernáculo sobre Seus santos para que eles possam “habitar” com Ele.

6. Leia Apocalipse 21:1-22. Como a Nova Jerusalém é descrita? Nesse texto, que paralelos você encontra entre a cidade santa e o santuário?

João não viu templo na Nova Jerusalém (Ap 21:22), mas isso não significa que não haja templo. Em vez disso, a Nova Jerusalém é o próprio templo e o “tabernáculo de Deus” (Ap 21:3). Vários elementos do santuário são atribuídos à Nova Jerusalém: ela é “santa” e de origem celestial (Ap 21:2, 10); ela tem a mesma forma cúbica do santo dos santos (Ap 21:16; 1Rs 6:20); a exemplo dos recintos do templo, “coisa alguma contaminada” será permitida na cidade (Ap 21:27); e, acima de tudo, Deus está presente. No santuário de Deus, podemos viver com Ele no relacionamento mais íntimo possível (Ap 21:3, 7). Esse é o objetivo da salvação.

Estudo adicional
Leia de Ellen G. White: Educação, p. 301-309, “A Escola do Futuro”; O Grande Conflito, p. 673-678: “O Final e Glorioso Triunfo”.
“Um receio de fazer com que a herança futura pareça demasiadamente material tem levado muitos a espiritualizar as mesmas verdades que nos levam a considerá-la nosso lar. Cristo afirmou a Seus discípulos que iria preparar moradas para eles na casa de Seu Pai. Os que aceitam os ensinos da Palavra de Deus não serão totalmente ignorantes com respeito à morada celestial. E, contudo, “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam” (1Co 2:9, RC). A linguagem humana não é adequada para descrever a recompensa dos justos. Esta será conhecida apenas dos que a contemplarem. Mente finita nenhuma pode compreender a glória do paraíso de Deus” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 674, 675).

Sem comentários:

Enviar um comentário