O BODE POR AZAZEL

É lamentável a conclusão que chegam alguns evangélicos quanto ao significado que a IASD dá a Azazel. É incoerência dizer que o salvador de um grupo de pessoas que são batizadas em nome da Trindade, que tem como uma de suas profissões de fé “O sacrifício de Jesus Cristo e a aceitação do mesmo como Salvador pessoal”, pessoas que deixam o mundo e alistam-se nas fileiras de Cristo em luta contra o inimigo, terem essas pessoas a Satanás como Salvador. Somente a falta de sinceridade e respeito pode fazer algo assim. É exatamente isso que dizem os evangélicos de um modo geral em relação aos adventistas por aceitarem a idéia e que Satanás é tipificado no bode azazel.
Seria mais do que absurdo afirmar que Satanás seja um salvador em qualquer sentido. A IASD ensina que ele é o autor e instigador do pecado. Ele foi o primeiro responsável pelo pecado, deve ser exemplarmente
punido, pelos seus pecados e dos outros, pois repousa sobre ele a responsabilidade na indução de pecados. O pecado originou-se nele e nele terminará.
Durante todo o ano o sangue das vítimas era levada ao santuário e ali orvalhado, “sete vezes diante de Jeová, para o véu do santuário” (Lv 4:6, 17), nos casos quando o sacerdote ungido ou toda a congregação houvesse pecado.
Esses pecados eram transferidos para o santuário e no dia da expiação seriam definitivamente excluídos. O sangue limpa a pessoa diariamente (Lv 4) e o santuário anualmente (Lv 16). O caminho do pecado para o santuário era por meio do sangue. Lv 16:16. O pecado era transferido diariamente para o santuário pelo sangue e o mesmo não era purificado diariamente. O pecado de todo o ano era acumulado ali.
Este dia é o Yomkipur ou dia do perdão e/ou expiação. Era um dia muito importante para o povo de Israel, que afligiam suas almas, ficavam em oração e não podiam realizar alguns tipos de trabalhos. Durante 10 dias, reconhece-se a Deus como Rei do presente, Juiz do passado e Redentor do futuro.
O dia da expiação era cheio de beleza e adoração. O sumo-sacerdote passava a semana em oração preparando todo o ritual, com muito cuidado, para que tudo desse certinho, muito planejado, depois de banhar-se vestia sua roupa e fazia expiação por ele e sua casa.
No decorrer diário de sacrifícios o pecado do povo era transferido do israelita arrependido para o santuário, que ia se acumulando até chegar ao seu ponto máximo. Esse limite acontecia uma vez ao ano (dia da expiação), o dia do limite da paciência divina em favor do pecador e contra o pecado.
Acho bastante providencial que Deus tenha desenvolvido esse método para ensinar-nos algumas coisas muito importantes, umas das milhares é a questão quanto a predestinação. Perceba que se alguém levasse um animal ao santuário, este animal agora seria o responsável pelo pecado do israelita, mas isso não dava o direito do Israelita viver deliberadamente em transgressão, pois se assim procedesse seria expulso do acampamento. Tipologicamente temos um quadro que mostra a grande responsabilidade de sermos fiéis até o fim da vida. Tal israelita deveria lembrar que embora houvesse apresentado sua oferta pelo pecado e estivesse livre da condenação, ainda haveria o dia do juizo (yonkipur) que determinaria se ele (permanecendo fiel) seria ou não aceito.
É importante lembrarmos que o perdão só se dava porque Deus em sua infinita misericórdia resolvia aceitar o sacrifício oferecido pelo pecador, não porque o pecador estivesse negociando com o Senhor. Era pela graça, de graça.
No dia do juízo para Israel, o pecado voltava para o seu devido originador, o diabo. Ele, representado pelo bode emissário, era quem levava os pecados acumulados no santuário para o deserto. Pecados esses que eram confessados na cabeça do animal para “azazel ou emissário”. O termo original em hebraico para “confessar” sobre a cabeça de azazel ou emissário é “yadah” que pode ser traduzido por “lançar”. Os pecados eram lançados e/ou devolvidos ao seu originador. Embora Deus faça questão de chamar para si a responsabilidade quanto aos problemas do homem, Ele não foi o originador do pecado.
Devia-se colocar os 2 bodes, ambos, diante da porta do Santuário diante do Senhor. Lv 16:7 Lançaria-se sorte para ver qual animal seria para o Senhor e qual seria para Emissário. Lv 16:8
O bode que cair a sorte para o Senhor seria oferecido como expiação pelo pecado, morreria como um sacrifício e o animal que caisse a sorte para azazel seria enviado ao deserto.
A escolha dos animais para suas funções é descrita da seguinte forma pelos escritos judaicos: “O sacerdote, colocando os bodes um em cada lado, apresenta-se diante do altar, lançando uma urna contendo dentro dois pedaços de ouro escritos: “para o Senhor” e “para Azazel”, após agitá-la põe as duas mãos dentro e retirando ambas as peças de ouro as põe, rapidamente, na cabeça de cada um dos bodes, isso determinaria o destino de ambos.
Havia um detalhe muito importante no ritual, é que antes de sacrificar o bode para o Senhor, o sacerdote não confessava pecados sobre a cabeça do animal. Isto nos quer dizer que o sangue deste animal não tinha pecados ou não era contaminado, assim, o sangue não entrava para contaminar, mas para purificar, pois quando o sangue entra sem pecados ele não contamina, mas purifica. Seria o animal pra resolver o problema do débito do pecador como Cristo resolveu. Prefigurava esta cerimônia a morte de Jesus como satisfação à exigência da lei, havendo sido o Seu sangue derramado em substituição de todos os pecadores arrependidos. O sangue deste animal vai para dentro do santuário, dentro do véu, o sangue é aspergido sobre o propiciatório (que é símbolo de Cristo), esse animal faz expiação por todas as transgressões de Israel e pelo santuário. Percebe-se então que este animal faz um trabalho onde tem que ver com perdão através de derramamento de sangue. O animal vai ao santuário para resolver o problema do pecado, não para ficar com o pecado. Lv 16:9,15
Quem é Azazel?
Alguns pontos importantes a considerar para se chegar a conclusão de que Azazel possa ser uma representação de Satanás:
1. A tradução de Almeida é “bode emissário, em hebraico é um nome próprio: AZAZEL. Indica um ser pessoal com características pessoais, alguém, não um objeto.
2. O fato de ser lançado sortes um “por Jeová” e outro “por Azazel.” Segundo o Talmud, os bodes deviam ser o mais parecido possível (Talmud – Yoma 62a), para evitar o erro de trocarem, atavam um cordão escarlate no chifre do bode para Azazel e um no pescoço do bode para o Senhor. Não haveria necessidade desta atitude se os bodes tinham a mesma finalidade. Por que lançar sortes e fazer tão específica distinção se os dois tinham o mesmo simbolismo e representavam a mesma pessoa? Acaso não estaria esta atitude demonstrando que eram opostos e que eram divergentes? Se os dois representassem o mesmo personagem, não haveria necessidade de fazer distinção entre ambos, contudo, no dia da expiação, indicam, pelo contraste entre eles, que um tipificava Cristo e o outro logicamente o adversário de Cristo.
3. Escritores hebreus e cristãos concordam que Azazel seja um tipo de Satanás. Ex.: M’Clintock And Strong, Cyclopedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature, Vol. 9, págs. 397 e 389 art. “Scapegoat”; The Encyclopedic Dictionary, Vol. I, pág. 397; J. Hastings, Bible Dictionary, pág. 77, art. “Azazel;” The New Sehaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, Vol. 1, Pág. 389, art. “Azazel.” Comentário Exegético y Explicativo de la Bíblia.
4. A (RC) mostra em Lv 16:9 que o bode que teve a sorte “pelo Senhor”, Arão, “o oferecerá para expiação do pecado” o outro de “por Azazel” não era sacrificado, assim Jesus não pode ser representado por ele, pois não era um sacrifício, não derramava sangue.
5. A Bíblia de Jerusalém em nota de rodapé, comentário, diz quanto a Azazel: “A versão Siríaca, é o nome de um demônio que os antigos hebreus e cananeus acreditavam que habitasse o deserto, terra árida, onde Deus não exerceria a sua ação fecunda”.
* Satanás é o originador de todo o pecado. Ele é responsável pelos seus pecados e de todos os homens, e haverá de pagar por todos os pecados não perdoados dos homens, por todos os que induziu as pessoas a
pecar. Deverá pagar pelo preço com a vida, conforme Ml 4:1 e 3 quando diz: “…não restará raiz nem ramo.” “…se fará cinza debaixo de nossos pés”. É óbvio deduzir que deixará de existir, pois nem raiz, nem ramo, só cinza.
* De acordo com a tipologia do santuário os pecados dos homens não são expiados por satanás, “…levará sobre si”, leva para o deserto, ele os carrega por responsabilidade.
6. É de fundamental importância o derramamento do sangue para simbolismo da pessoa de Cristo – Hb 9:22 “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão”. Sobre a importância do sangue leia, também, as seguintes referências: Mt 26:28; Mc 14:22; Lc 22:20; At 20:28; Rm 3:25 e 5:9; 1Co 11:25 e 27; Ef 1:7; Cl 1:20; Hb 9:7, 12-14, 25; 10:4, 19 e 29; 11:28; 12:24; 13:11-12 e 20; 1Pe 1:2 e 19.
7. Os opositores tem razão quando dizem que a etimologia da palavra Azazel não é clara. A etimologia é o estudo da origem e da evolução das palavras. O mais correto é transliterar e o aceitar como um nome próprio visto que está em completa antítese com o termo YHWH, o famoso Tetragrama Hebraico do nome de Deus e que traduzimos pelo termo Adonai (Senhor), que certamente é um nome próprio.
8. Não são apenas os adventistas que sustentam essa posição. Diversos teólogos dizem o seguinte:
a) George B. Stevens - “a origem e significado do bode ‘para Azazel’ é obscuro”. (The Christian Doctrine of Salvation, p. 11);
b) T. W. Chambers - “esta sua etimologia não é clara”. (“Satan in the Old Testament”, Presbyterian and Reformed Review, vol. 3, p. 26);
c) A. R. S. Kennedy - “Etimologia, origem e significado são ainda matéria de conjectura. A palavra Azazel é um nome próprio no original, e em particular o nome de um espírito poderoso ou demônio”. (Hastings Dictionary of the Bible, p. 77)
d) Dr. S. R. Driver - “Um espírito mau, … A palavra ocorre apenas aqui no Velho Testamento. … Acima de tudo, a marcada antítese entre para Azazel e para YHWH não deixa aberta nenhuma dúvida que é concebido como um ser pessoal”. (Book of Leviticus, p. 81)
e) Uma nota na Review and Herald [publicação adventista] de 07 de julho de 1868 cita Irineu (c. 185 a.d) caracterizando a Azazel como “aquele caído e poderoso anjo” (Contra Heresias 1. 15).
f) Dr. M. M. Kalisch - “Não pode haver dúvida que este Azazel é pessoal, um super-humano, e um ser mau – em fato é um demônio, …” (A Historical and Critical Commentary on the Old Testament, vol. 2, p. 328) – este autor comenta que escritores cristãos primitivos identificavam Azazel como sendo o próprio Satanás.
g) “Pelo uso da mesma preposição … em conexão com Jeová e Azazel, parece natural … pensar de algum ser pessoal”. (International Standard Bible Encyclopedia, “Azazel”, vol. 1, p. 343);
h) Smith e Pelouber – “Os melhores estudiosos modernos concordam que [Azazel] designa o ser pessoal para quem o bode foi enviado, provavelmente Satanás”. (A Dictionary of the Bible, p. 65).
i) Charles Beecher - “O que vem a confirmar isto, que a maioria das paráfrases e traduções antigas tratam Azazel como um nome próprio. As paráfrases dos Caldeus e os targuns de Onkelos e Jônatas certamente o teriam traduzido se não fosse um nome próprio, mas eles não traduzem. A Septuaginta, a mais velha versão Grega, traduz como “apopompaios”, uma palavra aplicada pelos Gregos para uma divindade maligna.
k) J. Russel Howden (Igreja da Inglaterra) - “O bode para Azazel, como é algumas vezes incorretamente traduzido, tipifica o desafio de Deus para com Satanás. Dos dois bodes, um era para Jeová, significando a aceitação de Deus da oferta pelo pecado; o outro era para Azazel. Isto é provavelmente para ser entendido como uma pessoa, sendo paralelo com Jeová na cláusula precedente. Assim Azazel é provavelmente um sinônimo para Satanás”. (Sunday School Times, 15 de janeiro de 1927);
l) Samuel M. Zwemer (Igreja Presbiteriana) - “O demônio tem um nome próprio – Azazil. Ele foi expulso do Éden”. (Islam, a Challenge to Faith, p. 89);
m) E. W. Hengstenberg (Igreja Luterana) - A maneira pela qual a frase ‘para Azazel’ é contrastada com ‘para Jeová’ necessariamente requer que Azazel deveria designar uma existência pessoal e se assim for, somente Satanás pode ser intencionado. Se por Azazel não quer dizer Satanás não há razão para o lançar sortes. (Egypt and the Books of Moises, pp. 170 e 171).
n) J. B. Rotherham (Discípulos de Cristo-?) – “Presumindo que Satanás é representado por Azazel – e não há nada mais que biblicamente possamos presumir – é mais importante observar que não há aqui nenhum sacrifício oferecido para o espírito mau”. (The Emphasized Bible, vol. 3, p. 918);
o) William Jenks (Igreja Congregacionalista) - “Spencer, depois das mais antigas opiniões dos Hebreus e Cristãos, pensa que Azazel é o nome do demônio, … O Siríaco tem Azzail, o “anjo que revoltou”. (The Comprehensive Commentary of the Holy Bible, p. 410);
p) (Metodista) - “O que a palavra queria dizer é desconhecido, mas deveria ser retida como o nome próprio de um demônio do deserto”. (Abingdon Bible Commentary, p. 289).
q) Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos - “Azazel: talvez um nome para Satanás, usado somente neste capítulo”. (http://www.usccb.org/nab/bible/leviticus/leviticus16.htm).
9. Ainda outra evidência é encontrada no Árabe, onde Azazel é empregado como um nome de um espírito mau” (Redeemer and Redeemed, p. 66).
10. No livro de lº Enoque (2º Séc. a.C) há uma lista de anjos que recebem muitos nomes que são dados aos anjos bons e aos maus; entre os anjos maus está o nome de Azazel. Portanto, em tempos pré-cristãos, Azazel foi identificado com um poder demoníaco.
Como pode ser visto, a citação levítica em referência a Azazel como um tipo de Satanás já vinha sendo exposta por diversos teólogos, estudiosos e inclusive por cristãos de épocas bem remotas, a Igreja Adventista apenas reconhece esta referência inspirada do livro de Levítico e divulga esta verdade em relação ao santuário.
Um estudo histórico da literatura adventista mostra que a primeira discussão sobre o bode emissário aparecendo em uma publicação dos adventistas pertencente a O. R. L. Crosier no Day-Star 9:43 (07-fev-1846), reimpresso no famoso periódico adventista Review and Herald 1:62 e 63 (set-1850). Provavelmente a primeria discussão por um escritor adventista observador do sábado foi um editorial feito por Tiago White também na Review and Herald (07-nov-1856) dando essencialmente a mesma explicação, identificando o bode emissário como Satanás.
Fazendo uma análise antítese de levítico 16 temos o seguinte:
No Texto Hebraico a mesma expressão é usada tanto como referência ao bode para o Senhor quanto ao bode para Azazel. No Hebraico Moderno permanece ainda este tipo de estrutura em referência a algo que está sendo dirigido a alguém. Ao escrevermos um documento e enviá-lo identificamos o destinatário com a preposição. Por exemplo, se tenho dois objetos para enviar para a mesma pessoa não faria sentido eu dizer, “este é para João e este é para João”, mas se são dois destinatários diferentes eu diria que “este é para João e este é para José”. Na bíblia há uma antítese, é o relato que encontramos em 1Rs 3:25, algo interessante! É bem conhecido o relato das duas mulheres que vieram ter com Salomão discutindo a respeito sobre quem era a verdadeira mãe de uma criança, cada uma delas atribuía para si a maternidade. Diante de tamanho problema, Salomão, com a sabedoria que Deus lhe havia dado, toma uma decisão, diz que para resolver o problema iria partir a criança em duas e uma metade seria para uma mulher e a outra metade para a outra (v. 25) e resolvida estaria a situação. Diante disso, a verdadeira mãe suplica a ele que não deveria fazer tal coisa, que entregue a criança à outra mulher, mas que a deixasse viva. Essa foi para o sábio rei a prova contundente de que era a verdadeira mãe. Se procurarmos traduzir literalmente esta sentença conforme expressa na última parte do verso 25, teríamos: “e dêem a metade para uma e a metade para uma”. Uma antítese. É óbvio que mesmo usando a mesma palavra (“uma”) podemos ver que “metade para uma” e “metade para uma” estão em antítese, isto é, uma da primeira parte não é a mesma uma da segunda. Não faria sentido Salomão pedir para dividir a criança e entregar as duas metades para uma mesma mulher. Se as duas metades fossem para a mesma uma, não faria sentido a sentença formulada como tal e nem mesmo faria sentido a divisão em si. Por isso, ao traduzir a sentença podemos adaptar o texto para nossa língua e declarar: “e dêem a metade para uma e a metade para a outra”, que é a única tradução contextualmente aceitável.
No relato de levítico acontece a mesma coisa, uma antítese é encontrada, entendemos que não faria sentido da mesma forma dizer: um para o Senhor e outro para o Senhor, assim, traduzindo para nossa lingua o mais aceitável seria “um para o Senhor e outro para alguém que não é o Senhor”.
Não há paralelos da tipologia com a História da Redenção onde Jesus tenha expiado pecados tendo sido deixado em um lugar desolado até morrer, sem derramamento de sangue. Seria inadmissível atribuir uma segunda morte a Cristo Jesus!
Embora o texto apresente que Azazel faça parte da expiação de uma forma geral, seu real significado mostra que esse animal não poderia fazer expiação como remoção de pecados, visto que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9:22). Porém não podemos esquecer que Satanás é “homicida desde o princípio.., e pai da mentira” (Jo 8:44).
Se é verdade que Azazel é Cristo por compará-lo a Isaias 53 quando diz “levará sobre si as iniqüidades” deveríamos então também encontrar uma ligação onde o mesmo Azazel fosse “ferido por nossas transgressões”, pois tal animal não é sacrificado. Ademais, como já foi dito este “levará sobre si” significa levar ao deserto ou levar sob responsabilidade por ter causado.
Azazel expia no sentido de sofrer as conseqüências como resultado de algo! A problemática maior é com relação a palavra EXPIAR.
EXPIAR de acordo com o dicionário HOUAISS:
Verbo transitivo direto.
1.Remir (a culpa), cumprindo pena.
2. Sofrer as conseqüências de
3.Sofrer, padecer. [C.: 1. Cf. espiar.]
§ ex.pi:a.ção sf.
O sentido ETIMOLÓGICO da palavra EXPIAR é:
Desviar um mal com cerimônia religiosa.
No ritual da expiação toda maldade (pecados) é lançada sobre Satanás que é enviado ao deserto com o objetivo de desviar os pecados do meio do povo de Deus!
Expiar no sentido de remir, perdoar, só Jesus!
Nos dias atuais no Estado de Israel, o termo Azazel leva uma conotação muito pesada. Você pode usá-la quando deseja enviar para um local nem um pouco recomendável. Mesmo em nossos dias a religião judaica preserva e comemora as festas vetero-testamentárias, em especial a do Yom Kippur (Yom HaKippurim), mais conhecida como Dia da Expiação. Embora saibamos que a oferta já foi feita, o preço já foi pago, o Cordeiro já foi morto, mesmo assim você encontra neste dias rabinos que sacrificam frangos como um meio de obter o favor divino. Neste dia nem sequer um carro é permitido se movimentar nas regiões que por Israel são controladas. O trabalho é parado completamente. É o Dia do Perdão. Dia de acertar as contas com o próximo e com Deus.
É difícil acreditar que este mesmo povo que recebeu um dia os oráculos do Senhor e as admoestações a respeito das comemorações cívicas e religiosas hoje se esqueceria do significado deste termo (azazel). O mesmo povo cujo zelo era tanto para com o nome do Senhor que, por não querer “tomar o nome do Senhor teu Deus em vão” (Ex 20:7), nem sequer Seu nome pronunciavam (YHWH), cujas festas dadas anteriormente pelo Senhor fazem questão de que sejam celebradas, que até mesmo em nossos dias oferecem sacrifícios, esquecessem o Ritual do Santuário com todos os seus simbolismos e importância. Se realmente o povo de Israel entendeu o bode Azazel como na mesma igualdade que o bode para o Senhor, por que isto não é refletido em nossos dias na maneira como eles lembram e celebram o Yom Kippur?
QUANTO A IMPORTÂNCIA DO SANGUE.
Rm 5:9 “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue…”;
Ef 1:7 “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”;
Cl 1:14 “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”;
Ap 1:5 “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados”
Não há dúvidas de que o animal que representaria Cristo deveria derramar sangue.
“Azazel é o caminhão de lixo. O ritual de Azazel é eliminatório, nunca expiatório”.
Em páginas judáicas ou de judaizantes na internet encontra-se Azazel como uma identificação para nomes de demônios, entidades malignas.
Ele é mandado ao deserto – comparar passagens: Ap 20; Lv 16; Jr 4; Gn 1:2
DESERTO, MORADA DE DEMÔNIOS
A concepção de que o deserto era morada de demônios para o povo israelita não é só fruto da tradição, mas a própria bíblia traz informações muito importantes. Lendo os versos em sequência entende-se a relação entre eles.
Dt 32:17 – Ofereceram sacrifícios aos demônios, a deuses falsos que não haviam adorado antes, novos deuses que os seus antepassados não conheciam. (compare com a próxima passagem)
Lv 17:7 – Daqui em diante e para sempre, os israelitas nunca mais oferecerão sacrifícios aos demônios do deserto, pois, se fizerem isso, estarão sendo infieis a Deus.
2Cr 11:15 – Jeroboão escolheu os seus próprios sacerdotes para oferecerem sacrifícios em altares pagãos e adorarem demônios e as imagens de touros que ele tinha mandado fazer.
Is 34:14 – Os gatos do mato e outros animais selvagens morarão ali, demônios chamarão uns aos outros, e ali a bruxa do deserto encontrará um lugar para descansar.
Mt 12:43 – Jesus continuou: Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra.
Lc 11:24 – Jesus continuou: Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra. Então diz: “Vou voltar para a minha casa, de onde saí.
Ap 18:2 – E gritava com voz forte: Caiu! Caiu a grande Babilónia! Agora quem vive ali são os demônios e todos os espírito imundos. Todos os tipos de aves e feras imundas e nojentas vivem nela.
Nota: No final de tudo Satanás será declarado culpado de todo o mal que fez os filhos de Deus cometerem, deverá sofrer o castigo final. Quão apropriado é que o ato final do drama da forma em que Deus trata o pecado, seja fazer cair sobre a cabeça de Satanás todo o pecado e toda a culpa que, iniciando originalmente dele, trouxeram uma vez tal tragédia às vistas dos que agora se acham liberados do pecado pelo sangue expiatório de Cristo. Deste modo se completa o ciclo, termina o drama. Somente depois de que Satanás o instigador de todo o pecado tenha sido finalmente tirado, poderá se afirmar com certeza que o pecado foi eliminado para sempre do universo de Deus. Só depois que o diabo e seus anjos forem “cortados” e “expulsos ao deserto”, então, e só então, poderá dizer que todo o universo está em perfeita harmonia e unidade, como esteve originalmente, antes que entrasse o pecado no mundo.
Muitos evangélicos não aceitam que o diabo tenha parcela de culpa por nossos pecados.
Ilustração: António ensina uma criança chamada José a matar e assassinar cruelmente as suas vítimas, José por sua vez cumpre direitinho o que aprendeu. Vem a polícia e prende José, será que Antonio tem alguma parcela de culpa nisso tudo? Foi o António quem ensinou tudo a José, ele o tornou assim. Isso é na vida espiritual, o Diabo que é o pai da mentira e sedutor de todo mundo é responsável não só por seus próprios pecados, mas por todos que já fez ou seduziu toda raça humana a pecar.

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