O SANTUÁRIO: RAZÕES DOS QUATRO EVANGELHOS.

Embora a crença na inspiração das Santas Escrituras seja um fato aceito e irrefutável entre os verdadeiros salvos, são poucos os que se preocupam em investigar mais a fundo as belezas e também a própria harmonia existente entre os 66 livros que compõem o Velho e o Novo Testamento.
Cremos que o Velho Testamento contém o Novo e o Novo Testamento revela o Velho. Por isso, nas Escrituras, tudo é importante. Nós não podemos ler ou interpretar as Escrituras como faríamos com qualquer outro livro, pois nenhum livro se assemelha às Escrituras.
A sublimidade das Escrituras com relação á outros livros é incomparável, assim como Jesus Cristo (o homem) o é entre os homens.
Neste estudo, não iremos abordar os quatro evangelhos, mas apenas um, o de Marcos. Creio que será o suficiente para instigar aqueles cristãos desejosos de conhecer melhor a Cristo, e as suas virtudes, a garimparem este terreno repleto de pedras preciosas.
Por que quatro evangelhos? Talvez esta pergunta não tenha ocorrido ainda na mente de muitos, porém, espero que nunca o seja por mera incredulidade. O objetivo peculiar de cada um dos evangelhos é raramente percebido, mesmo por aqueles que já estão familiarizados com o conteúdo de cada um deles.
È verdade que cada um dos quatro evangelhos tem muita coisa em comum, pois cada um deles trata com o mesmo período da história, com os milagres de Cristo, sua morte e ressurreição. Porém, embora os quatro evangelistas tenham muito em comum, cada um tem sua própria peculiaridade, e em observar suas
diferenças, nuances, é que conseguimos entender o significado e enxergar escopo, apreciando assim as suas diferenças.
Na leitura cuidadosa dos quatro evangelhos logo fica evidente que nenhum deles contém uma biografia completa do ministério terreno de Cristo. Há períodos de Sua vida (Cristo) que nenhum dos evangelistas professa ter coberto. Após o relato de Seu nascimento, nada mais é dito sobre Ele, até atingir a idade de doze anos, aonde um breve relato é feito por Lucas sobre Sua ida ao templo e a sujeição aos pais (Lucas 2:41-52).
Até mesmo com relação ao Seu ministério público, o que temos são fragmentos, pois os evangelistas selecionaram apenas algumas porções de Seus ensinos e detalham apenas uns poucos milagres. Isto fica claro na declaração de João.
João 21:25, “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.”
Se os evangelhos não são uma Biografia completa de Cristo, o que eles são? A primeira resposta deve ser: Quatro livros inspirados, totalmente inspirados por Deus! Quatro livros escritos por homens movidos pelo Espírito Santo; livros que são verdadeiros e perfeitos.
A segunda resposta seria: Os quatro evangelhos são completos em si mesmos, escritos com distintos propósitos, sendo que tudo o que foi incluído em suas páginas, tanto aquilo que não o foi, fazem parte daquilo para o qual eles foram estritamente subordinados, ou seja, nada de relevante e pertinente ao tema e característica de cada evangelho foi deixado de fora.
Por que Quatro Evangelhos?
Porque um ou dois não seriam suficientes para nos dar uma apresentação perfeita da glória e excelência do Nosso abençoado Senhor.
Os quatro evangelhos retratam a pessoa e a obra de nosso Salvador de uma forma distinta, a fim de ilustrar o propósito de cada evangelista, assim como faríamos se quiséssemos escrever um livro sobre um personagem importante, mas tivéssemos que abordar vários aspectos do seu caráter. Quatro escritores se empenhariam em obter material específico que os ajudassem a detalhar, o mais fiel possível, o caráter deste personagem, ou seja: sua vida doméstica, religiosa, profissional e também seu lazer. Num primeiro momento, isto seria visto como quatro biografias, embora estivéssemos falando do mesmo homem, visto em diferentes áreas do seu relacionamento. Portanto, cada escritor se restringiria a detalhar aquilo que é relevante para sua parte da biografia, por exemplo: os detalhes da vida doméstica não são relevantes para o escritor que detalha a vida profissional, assim como o escritor que detalha seu lazer, obter informações sobre sua vida religiosa.
O exemplo acima serve para ilustrar o que temos nos quatro evangelhos.
Em Mateus, Cristo é apresentado como Filho de Davi, o Rei dos Judeus, e tudo em sua narrativa é centrado nesta verdade. Isto explica porque o primeiro Evangelho começa descrevendo a realeza da genealogia de Cristo, e porque no segundo capítulo é mencionada a vinda dos magos do oriente perguntando: Onde está aquele que é nascido rei dos Judeus? (Mateus 2:1), como também nos capítulos 5 até aos 7, temos o Sermão da Montanha, que na verdade, se trata de um manifesto real, contendo a enunciação das leis do Seu Reino.
Em Marcos, Cristo é retratado como Servo de Jeová, como um que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. Tudo neste segundo evangelho contribui para este tema central e tudo o que não condiz com este tema é excluído. Isto explica a razão de não termos o relato de nenhuma genealogia neste evangelho e porque Cristo já é introduzido no início do seu ministério público (nada nos é dito a respeito de sua vida anterior), e porque há mais milagres (obras de serviço) detalhados aqui do que em outro evangelho.
Em Lucas, Cristo é declarado Filho do Homem, estando ligado, porém contrastado com os filhos dos homens. Tudo em sua narrativa serve para ilustrar isto.
Isto explica porque o terceiro evangelho traça a Sua genealogia de volta a Adão, o primeiro homem (ao invés de Abraão, como em Mateus), porque como homem perfeito Ele é visto frequentemente em oração, e porque os anjos são vistos ministrando para Ele, ao invés de serem comandados por Ele, como visto em Mateus.
Em João, Cristo é revelado como Filho de Deus, e tudo neste quarto evangelho tem a finalidade de ilustrar e demonstrar este relacionamento divino. Isto explica porque na abertura do primeiro versículo nós somos levados de volta a um ponto antes do tempo se iniciar, onde Cristo é retratado como o Verbo “no Princípio”, com Deus e Ele mesmo sendo expressamente declarado ser Deus. Porque nós temos aqui muitos dos seus títulos, como: O Unigénito do Pai, O Cordeiro de Deus, A Luz do Mundo etc.; Porque nos é dito que a oração deve ser feita em seu nome (João 14:13-14); Porque o Espírito Santo seria enviado pelo Filho tanto quanto pelo Pai (João 14:26, 16:7).
É extraordinário notar que as quatro apresentações de Cristo nos evangelhos foram indicadas de maneira muito específica através do Velho Testamento.
Em Jeremias 23:5 Lemos: Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra. Este verso cai como uma luva no Evangelho de Mateus.
Em Zacarias 3:8 Lemos: Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o RENOVO. Este verso poderia ser o título do segundo Evangelho.
Em Zacarias 6:12 Lemos: E fala-lhe, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é RENOVO; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do SENHOR. Quão apropriadamente este verso se encaixa com a descrição de Lucas.
Em Isaías 4:2 Lemos: Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel.
Compare este versículo com João 1:14: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
Em Êxodo 26:31 e 32 o Véu, composto de quatro cores e sustentado sobre quatro colunas: Depois farás um véu de azul, e púrpura, e carmesim, e de linho fino torcido; com querubins de obra prima se fará. E colocá-lo-ás sobre quatro colunas de madeira de acácia, cobertas de ouro; seus colchetes serão de ouro, sobre quatro bases de prata.
Em Hebreus 10:19 e 20 Lemos: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne.”
Os quatro pilares de madeira recoberta de ouro representam a humanidade e divindade de Cristo, que são perfeitamente retratadas nos Evangelhos.
João 1:14: E o Verbo se fez carne, e habitou (Tabernaculou) entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Compare Ezequiel 10:9 a 14 – com Apocalipse 4:6-9
Ezequiel 10:9 a 14: Então olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a um querubim, e outra roda junto a outro querubim; e o aspecto das rodas era como a cor da pedra de berilo. E, quanto ao seu aspecto, as quatro tinham uma mesma semelhança; como se estivesse uma roda no meio de outra roda. Andando estes, andavam para os quatro lados deles; não se viravam quando andavam, mas para o lugar para onde olhava a cabeça, para esse seguiam; não se viravam quando andavam. E todo o seu corpo, as suas costas, as suas mãos, as suas asas e as rodas, as rodas que os quatro tinham, estavam cheias de olhos ao redor. E, quanto às rodas, ouvindo eu, se lhes gritava: Roda! E cada um tinha quatro rostos; o rosto do primeiro era rosto de querubim, e o rosto do segundo, rosto de homem, e do terceiro era rosto de leão, e do quarto, rosto de águia.
Apocalipse 4:6-9: E havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás. E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há-de vir. E, quando os animais davam glória, e honra, e acções de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre.
Os quatro animais descritos em apocalipse (ou querubins) juntamente com a passagem de Ezequiel, nos descrevem o carácter de Cristo retratado nos quatro Evangelhos. Leão, Bezerro, Rosto como de Homem e Águia.
1. Leão – Rei dos animais – é ideal para retratar a realeza de Cristo, assim como o Evangelho de Mateus, Filho de David, Rei dos Judeus – Cristo é chamado de o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de David (Apoc. 5:5).
2. Bezerro  - Este animal representa muito adequadamente a Cristo, assim como Ele é representado no segundo Evangelho. Pois o boi era o principal animal utilizado, pela nação de Israel, no serviço. Assim Cristo se fez servo de Jeová em nosso favor.
3. Rosto de Homem – Este animal corresponde ao terceiro Evangelho onde a humanidade de Cristo está em evidência.
4. Águia Voando – Quão significativo é isto! Os primeiros animais, Leão, Bezerro, Rosto de homem, todos pertencem a terra, assim como os três primeiros evangelhos enfatizam a Cristo no seu relacionamento terreno, mas este quarto querubim, está acima da terra e contemplando os céus. A Águia é um pássaro que se eleva ao ponto mais alto, simbolizando assim o carácter de Cristo descrito no Evangelho de João, como Filho de Deus.
Assim também podemos contemplar a sabedoria de Deus na seleção dos quatro escritores dos evangelhos. Em cada um deles podemos ver a aptidão e peculiaridade para cumprimento adequado de suas tarefas.
Mateus é o único entre os quatro escritores dos Evangelhos que apresenta Cristo em um relacionamento “oficial”, ou seja, como o Messias e Rei de Israel. Ele era o único dos quatro que ocupava uma posição oficial (Mateus 9:9; 10:1-3), pois Lucas era médico e João, pescador. Mateus era um cobrador de impostos trabalhando para os Romanos.
Mateus apresenta Cristo em conexão com o reino, como alguém que possui um título para reinar sobre Israel. Quão apropriado era para aquele que ocupava uma posição oficial, acostumado a olhar para um vasto império, receber esta tarefa. Os Romanos designavam oficiais entre os próprios Judeus, para cobrarem impostos de seus compatriotas, por isso eles eram mais odiados do que os próprios Romanos.
Sendo assim, ele entendia muito bem o que era ser odiado sem causa, desprezado e rejeitado. Finalmente, se Deus apontou este homem, cuja chamada o ligava aos Romanos, temos então uma evidência clara da graça de Deus alcançando aos desprezados gentios.
O Evangelho de Marcos coloca diante de nós o Servo de Jeová, o trabalhador perfeito. O instrumento escolhido para escrever este segundo Evangelho desempenhava uma função que o capacitava para tal tarefa, pois ele não era um apóstolo, mas antes, um servo de um dos apóstolos. II Timóteo 4:11: Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. Sendo assim, aquele que retratou nosso Senhor como Servo de Deus, era um que pessoalmente ministrava á outros!
O Evangelho de Lucas trata com a Humanidade de nosso Senhor, apresentando-o como Filho do Homem, relacionado com os homens, porém em profundo contraste com os mesmos.
Este Evangelho é um dos que apresenta o relato mais completo da nascimento virginal de Cristo. Também revela mais completamente do que outros o estado depravado e caído da natureza humana. É o Evangelho mais “internacional” em seu escopo do que os outros três, sendo maiormente dirigido aos Gentios do que aos Judeus.
Observe o quão apropriado foi a escolha de Lucas para escrever este Evangelho. Ele não era pescador e nem cobrador de impostos, mas um médico (Colossenses. 4:14), e como tal, um estudante da natureza humana e um que sabia diagnosticar a estrutura humana. Além de que, há uma boa razão para acreditarmos que Lucas não era Judeu, mas Gentio, apresentando Cristo não como “Filho de David”, mas como “Filho do Homem.”
O Evangelho de João apresenta Cristo num carácter mais íntimo que todos os outros, retratando-o num relacionamento Divino, mostrando que Ele era o Filho de Deus. Esta tarefa exigia o chamado de um homem com alto grau de espiritualidade e também que fosse intimo em seu relacionamento com nosso Senhor, alguém dotado de um incomum discernimento espiritual. Certamente João, que estava mais próximo do Salvador do que os outros doze, e era o discípulo amado, foi bem escolhido. Quão apropriado era, para aquele que se reclinava no seio de Jesus, ser o instrumento para retratá-lo como “O Unigénito Filho de Deus”, que está no seio do Pai! Assim, podemos admirar e entender a multiforme sabedoria de Deus em equipar estes quatro Evangelistas neste trabalho tão honroso.
Ao fecharmos esta introdução, mais uma vez voltamos á questão: Porque quatro Evangelhos? Um estudo mais apurado das Escrituras revela o facto de que alguns números terem especial sentido ou significado, como por exemplo:
• 3 = Manifestação/Perfeição.
• 4 = Número da terra/homem.
• 6 = Número da imperfeição.
• 7 = Perfeição.
O número quatro é assim visto pelo facto de:
1. A terra ter quatro pontos cardeais – Norte, Sul, Leste e Oeste
2. Termos quatro estações no ano – Primavera, Verão, Outono e Inverno
3. Serem quatro os elementos da Natureza – Fogo, Água, Terra e Ar
4. Houve quatro Impérios Mundiais – Babilónia, Medos e Persas, Gregos e Romanos
5. As Escrituras dividem os habitantes da terra em quatro classes – tribo, língua, povo, e nação
Apocalipse 5:9: E cantavam um novo cântico, dizendo: “Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação. “
Na parábola do semeador, Cristo descreve os tipos de terreno em que as sementes caem como sendo quatro tipos de solo.
Lucas 8:4-7: “E, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo de todas as cidades ter com ele, disse por parábola: Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha humidade; E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
O Evangelho de Marcos – Cristo – Servo
Fazemos durante este estudo umas poucas comparações entre Marcos e os outros Evangelhos a fim de percebermos as diferenças já mencionas acima. Façamos então uma Breve comparação entre Mateus e Marcos.
Mateus tem 28 capítulos - Marcos tem 16 capítulos
Mateus contém o relato de muitas Parábolas - Marcos contém o relato de poucas Parábolas
Mateus apresenta Cristo como Filho de Davi - Marcos Apresenta Cristo como Servo Perfeito de Jeová
Mateus foi escrito aos Judeus (Não exclusivamente) - Marcos foi escrito aos servos e trabalhadores cristãos
Mateus mostra a realeza da dignidade e autoridade de Cristo - Marcos mostra a sua Mansidão e o Servo.
Coisas Omitidas no Evangelho de Marcos
1. A genealogia de Cristo
2. A concepção Miraculosa de Cristo e Seu nascimento
3. O Sermão do Monte (que retratam um Rei e as leis do seu Reino) – Um servo não tem reino
4. Marcos relata quatro Parábolas, enquanto Mateus quatorze.
Não aparece em Marcos as seguintes Parábolas:
* O senhor assalariando empregados para a sua vinha
* As bodas do Filho do Rei
* A Parábola dos talentos – servo não tem recompensa
5. Não vemos nenhuma ordem de Cristo aos seus anjos, apenas os vemos ministrando á Ele. Marcos 1:13 E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam.
6. Não aparece a expressão “Ai de vós” Mateus 23:13, pois a um servo não convém julgar ou exercer juízo, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor (II Timóteo 2:24).
Por isso em Mateus 21:12-17 vemos Jesus expulsando os cambistas, enquanto Marcos 11:11, não descreve este incidente.
7. Ele (Cristo) não é declarado Rei, salvo de forma indirecta.
Em Mateus ele é chamado Emanuel (Mateus 21:9) – “E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de David; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!”
Apenas “uma vez”, no Evangelho de Marcos, Ele é declarado Filho de Davi. Marcos 11:9-10: “E aqueles que iam adiante, e os que seguiam, clamavam, dizendo: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor; Bendito o reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.”
Compare:
Mateus 16:28 com Marcos 9:1
Mateus 16:28 – “Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.”
Marcos 9:1 – “Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder.”
Em Mateus 8:25 Ele é Chamado de Senhor - Em Marcos 4:38 Ele é chamado de Mestre
Em Mateus 16:22 Pedro o repreende, mas o chama de Senhor - Em Marcos 8:32 Pedro o repreende, mas não o chama de Senhor
Em Mateus 26:22 No anúncio da traição aparece a palavra “Senhor” - Em Marcos 14:19 No anúncio da traição não aparece a palavra “Senhor”
8. Os Seus sofrimentos - Marcos 14:34: “E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai.” São poucos os relatos e circunstâncias descritas em Marcos referentes ao Seu sofrimento, pois um servo só tem a Deus á quem recorrer.
Não vemos Pilatos declarando-o inocente. Não vemos a esposa de Pilatos aconselhando-o a não se envolver no julgamento do “Homem Justo”. Mateus 27:19: “E, estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele.”
Não vemos Judas declarando (Mateus 27:4) que traíra o sangue inocente.
Não vemos as mulheres chorando por Ele no local da execução (Lucas 23:27)
As palavras do ladrão arrependido são omissas, compare:
Lucas 23:41-42: “E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.”
Marcos 15:27-28 - E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. E cumprindo-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.
As Palavras “Está consumado” – João 19:30 são omitidas, pois um servo não dá o seu trabalho por encerrado! É o seu Senhor quem define a hora que ele deve encerrar o seu trabalho.
Características do Evangelho de Marcos
1- A introdução dos Evangelhos de Mateus, Lucas e João é longa, enquanto no Evangelho de Marcos ela é totalmente diferente.
Mateus relata de Cristo: Sua Genealogia, nascimento, visita e homenagem dos sábios, a fuga para o Egipto, Seu Baptismo e tentação. Somente entra no ministério público de Cristo a partir do capítulo 14.
Marcos apresenta um breve relato do seu Baptismo e tentação, passando a relatar Seu ministério público a partir do versículo 14. Seus trinta anos de vida se passam em silêncio.
Marcos apresenta-o realmente como Servo.
2- Marcos inicia com “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” – não começa com “Evangelho do Reino”. A palavra evangelho aparece 12 vezes nos quatro evangelhos, sendo que oito delas aparecem somente em Marcos.
Cabe ao servo levar as Boas Novas!! I Coríntios 9:16-19.
3- A palavra “EUTHEOS" (Logo, imediatamente) é mencionada frequentemente, demonstrando sua prontidão e urgência em servir e cumprir sua missão.
Marcos 1:10, 12, 19 a 21, 29, 31, 43 – Ele estava ocupado com os negócios de seu Pai.
Efésios 5:15-17; Colossenses 4:6.
4- Também vemos com frequência a palavra “E” (Kai): Capítulos 2, 3, 4, e 5 – Uma conjunção que liga as partes de um discurso. Seu serviço era completo, perfeito e sem interrupções. Mostra a continuidade do seu trabalho. Não se cansava de fazer o bem. Servia a tempo e fora de tempo. II Timóteo 4:1-5, Hebreus 13:16, Tiago 4:17, Tito 3:14, Gálatas 6:9-10.
5- Marcos relata mais milagres do que Mateus, pois serviço consiste mais em obras do que em discurso.
A primeira Parábola é a do Semeador. Marcos 4:3-20 - Salvador indo adiante com a Palavra.
A segunda Parábola é a da Semente que é lançada, cresce e é colhido então seu fruto. Marcos 4:26-29.
A terceira Parábola é a do Grão de Mostarda. Marcos 4:30-32.
A quarta Parábola é a dos Vinhateiros que maltratam os servos do Senhor da vinha e acabam por matar seu filho.
Todas falam de servir! As três primeiras mostram o trabalho e serviço de semear, enquanto a última, o de colher.
6- No Evangelho de Marcos as mãos de Cristo são frequentemente mencionadas, retratando Seu serviço. Marcos 1:31,41; 5:41; 7:32; 8:22-25; 9:27; João 10:28. Mostra que os Salvos estão em Suas mãos
7- Marcos também menciona “os olhos” do Servo Perfeito - Sempre atentos! Marcos 3:5, 34-35; 8:33; 10:21; 11:11 - Provérbios 29:7
A Maneira como Cristo Servia
1. Sem nenhuma ostentação - Marcos 1:36-38. Não desejava ser um ídolo popular. Quando somos bem recebidos e nós tornamos o centro das atenções, desejamos permanecer ali.
Marcos 1:37-38 - “Todos te buscavam” - Cristo Responde: Vamos às aldeias vizinhas. Vs 44 - Não digas nada a ninguém. João 5:41 - Eu não recebo glória dos homens.
Quando começamos a receber “honra” pelo que Deus tem feito através de nós, talvez seja tempo de sairmos ou mudarmos para outro lugar. Por isso vemos Cristo nas casas, ou de casa em casa. Marcos 1:45; 3:20; 7:17- 36; 8:26; 9:28- 33. O servo não se exalta pelo que faz!
2- Cristo servia com grande compaixão.
A. Compare Marcos 1:30-31 com Lucas 4:38-39 (Sogra de Pedro). E chegando-se a ela, tomou-a pela mão e levantou-a.
B- Compare Marcos 9:27 com Lucas 9:42 (Menino Possesso). Tomando-o pela mão, o ergueu.
C- Compare Marcos 9:36 e 10:13-16 com Mateus 18:2 e 19:13-15 (Criança). Tomando-o nos seus braços.
3- Cristo enfrentou Grande Oposição. Marcos 2:6-7; 16; 24 - 3:2; 6; 22 - 5:17; 40 - 6:3; 5 - 7:1-2 - 8:11 - 10:2 - 11:18; 27-28 - 12:13; 18; 28 - 14:1.
Os servos de Cristo também encontrarão oposição. É um sinal de que estão trabalhando!
4. Cristo serviu com muito Sacrifício. Marcos 3:20 - 4:35-38 - 6:31 - Atos 20:24
5. Cristo serviu de uma maneira Organizada. Marcos 6:7, 39-40. I Coríntios 14:33
6. Cristo serviu com Prontidão de Amor. Marcos 1:41 - 6:34 - 8:1 - 10:21
7. O Serviço de Cristo era precedido de Oração. Marcos 1:35
Marcos 16:20 - Últimas palavras sobre o servo: Cooperando - I Cor. 15:58
Nota: Extraído do Livro “Why Four Gospels” A.W.Pink

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